segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Sonhei, eu deitada no teu colo, numa planície calma, relva macia, céu azul, vendo em que se formavam as nuvens. Calma, paz, amor no ar...

As nuvens foram se juntando, escurecendo,se fecharam e o temporal caiu de repente, encharcando nossos corpos. Não tínhamos para onde correr, então nos abraçamos e nos deixamos lavar, corpo e alma...
Animaizinhos silvestres corriam para se esconder da chuvarada e nós unidos, ali, em beijos apaixonados, os corpos ficando quentes, nem se dando conta das gotas geladas...



Acordei e tentando racionalizar o sonho, achei mesmo muito sintomático, o que a gente busca junto, a paz, o amor, a união. O que a gente tem, uma tempestade se formando sobre nossas cabeças e ainda não temos para onde correr...

domingo, 26 de agosto de 2012

Viver em dois mundos...

Tão bom viver em duas dimensões, ver os dois lados de tudo, sacar algo mais e aprender também duplamente, trabalhando acordados e dormindo. Difícil também, pois os outros não nos entendem e sofremos pré-conceitos e retalhações eternos...
Algum motivo maior sabemos que tem, por isso só nos resta aceitar nossa condição, sem títulos ou restrições.
As vezes pesa um pouco o choque de realidades tão diferentes, do lado de cá, tudo urgente, tantas máscaras e convenções, já no de lá, cara limpa, espírito solto, mas muito por fazer também como do lado de cá. São dois pesos da balança, hora pendendo para um lado, hora para outro e acaba que não controlamos direito e as vezes até ficamos confusos com que decisões tomar aqui e lá...



Quando aqui me sinto só, basta fechar os olhos cansados de chorar e adormecer e lá estão outros olhos a me olhar e realmente enxergar o que se passa por dentro, me acolhe o abraço afim, seguimos juntos e realizamos. Retorno mais leve e certa de que foi feito algo, com a sensação de dever cumprido e reenergizada para continuar mais um pouco do lado de cá, muitas vezes sem saber ao certo que destino vai ter a minha caminhada, mas certa de que tenho que ir e que vou chegar...

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Sonhei...

Uma  choupana de madeira, com varanda de tora e um caramanchão de glicínias lilases. Uma treliça ao lado, com parreiras carregadas.
Já estive lá outras vezes, em outros sonhos e na sala da casa  uma cadeira de balanço rústica, com um cão perdigueiro marrom, descansando. Um corredor de tábuas largas, com várias portas, em frente a uma delas, um par de botas de couro, com esporas. Abro essa porta, com uma bandeja de madeira, com flores pintadas a mão, bule branco com café, xícaras, pão de casa, biscoitos de maisena em forma de bicho, uma fatia grossa de queijo, um cacho suculento de uvas frescas, chego a sentir o cheiro do café e do pão. Coloco a bandeja sobre um criado mudo, onde já tinha um vaso com flores amarelas e um jarro de barro com água e um copo no gargalo.
Abro as pesadas cortinas de juta com pássaros pintados na barra, abro as janelas de venezianas de madeira crua e os raios de sol entram, iluminando o quarto. No espelho do guarda-roupas entalhado, me vejo, de sandálias de couro, vestido florido, decote generoso, carnes generosas, avental de algodão cru, branquíssimo. Tenho os cabelos longos, cacheados e bem loiros, com uma fita amarrando frouxa. Devo ter vinte anos. 
Vejo um corpo nu, deitado gostosamente nas cama de lençóis brancos que se contrastam com o corpo bronzeado de sol, músculos firmes, chego perto para acordá-lo, se vira e me agarra, derrubando na cama, é você, são seus olhos. Rolamos na cama, entre beijos e gargalhadas, teus cabelos também eram longos, mas negros, barba cerrada, que até me roça as costas, os olhos verde oliva, mãos fortes e ásperas de quem trabalha.
Ficamos ali, entre chamegos, tomando nosso café da manhã.
O galo canta e acordo com o gosto doce das uvas na boca e dos teus beijos!





Ah, pena, estou só no meu quarto gelado, sem flores, nem uvas, sem você...

segunda-feira, 11 de junho de 2012

E para o dia dos namorados, embora mais uma convenção, vale fugir do consumismo financeiro e consumir o amor...

O tronco da minha árvore nua, enxarcado ainda pela chuva, está agora iluminado pelos raios de sol,que conseguiram transpassar alguma nuvem espessa do céu.
Aos poucos a paisagem vai ganhando colorido. As casas com suas cores diversas, o verde mais vivo do meu jardim.
Meus olhos azuis enxergando os brilhos e procurando, desde cedo o mel dos teus...
Como dizia o poeta Vinícius e continua dizendo, já que ele é eterno:
" Das ramadas escorriam gotas que não haviam e na rua ignorada, anjos brincavam de roda. Ninguém sabia, mas nós estávamos ali..."


E eu diria ainda, que mesmo que algumas gotas teimem em escorrer das nuvens densas e venham a descolorir novamente a paisagem, mesmo assim, dentro de mim, ainda haverá sol, porque você está lá e o que sinto ao te lembrar é capaz de formar um arco-íris...

sexta-feira, 25 de maio de 2012

O meu amor...


Sonho acordada, com um amor de verdade. Desses que se tira de Romance, mas no dia a dia é real. É feito de detalhes, de retalhos,de carinhos...
Também de companheirismo e lealdade.
O meu amor é puro e louco.
É emoção, rotina, vida a dois.
É feito de caminhar junto,
De erotismo pouco,
Mas de se fundir muito.
Esse meu amor é de silêncio respeitoso pela dor do outro.
É todo cuidados,
Poema rouco,
Sorrisos safados...
E é com esse amor que quero chegar ao fim.
De mãos dadas em frente a fogueira.
De pés descalços nas folhas secas.
De cheiro de mato, de riacho, estradeira.
Depois do vinho quente, beijos ainda apaixonados e os corpos cansados, pesando na rede macia...
E que o fim seja sutil, apenas mudança de corpos...
Que os risos alegres, na beira do rio, transcendam e voltem, unidos nas outras vidas, para serem vividas sempre a dois...

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Sinto-me saturada, como uma solução química, com muitos componentes, precisando de um escape,
Uma explosão ou um escoamento, escoar, transbordar...
Como a xícara lotada até a boca de líquido quente e espumante...
Como um balão repleto de ar que precisa estourar ou furar...
Como a gestante perante o parto...
Como o rio  na cheia,
Como a comporta no aguaceiro...
Preciso urgentemente dar vazão.
Antigamente quando me sentia assim, coreografava ou escrevia um roteiro,
Uma música e então me esvaziava...
Recomeçava um novo ciclo, uma vida renovada.
Deve ser como reencarnar...
Mas hoje tenho marcas, partes do meu ser de carne, extirpadas, mágoas maculando o perispírito.
Tenho ainda que depurar, regenerar, eu sei,




Mas pergunto, por onde consigo escapar?...


sábado, 28 de abril de 2012

Madrugada, ventania, o sono foi dar uma volta...
Resolvi por prá fora as idéias, quem sabe prá onde, mas tirar de dentro, fazer existir, tomar forma...
Sou mesmo alguém sempre prestes a explodir, tentando me aderir.
 Louca? Com certeza, porém uma loucura mansa, positiva, leve, como pluma, muito leve, leve e pousa...

Meses sem escrever, me sentindo vazia, ou cheia, não sei ao certo, sei que enfim, consigo me expressar de novo, me sentindo mais leve, porque é muito ruim se sentir lotada de mágoas e que elas tomam o espaço da sua inspiração.

Mais uma vez consegui e o que tenho a dizer é que "se eles querem meu sangue, terão o meu sangue só no fim..."

Eis que a bruma começa a se desfazer e começo a enxergar novamente minhas mãos e pés e sei que estou indo para o lugar certo e com as vestes certas...


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Lindo lugar verde...



Ctba, 18/02/2012

Estou sentada num pedaço de verde maravilhoso:
Em frente floresta tropical, uma estrada, casa branca linda, lá adiante, a chaminé começa a fumegar, fim de tarde...
No som Cacia Heller, " de volta prá casa"...
O céu triazul, cheiro de flor no ar...
À minha direita duas montanhas com sol e uma névoa encobrindo o cume, árvores precisamente enfileiradas e rochas...
À esquerda um canteiro de lírios do banhado, brancos como que tingidos assim e dezenas de beija-flores, feito helicópteros miúdos voejando por ali...
Andamos um pouco e banhamos os pés nas águas geladas da pequena cascata entre as pedras, cheiro e barulho de cascata...
Contrastando ao longe, duas antenas altas e caminhões passando e um bando de pássaros rasgam o ar e o quase-silêncio do lugar...
É lindo e só penso em agradecer...
Por estar viva, por ter mais essa oportunidade, por ouvir, por ver, falar e sentir...


Mary Trezub