sexta-feira, 29 de junho de 2012

Sonhei...

Uma  choupana de madeira, com varanda de tora e um caramanchão de glicínias lilases. Uma treliça ao lado, com parreiras carregadas.
Já estive lá outras vezes, em outros sonhos e na sala da casa  uma cadeira de balanço rústica, com um cão perdigueiro marrom, descansando. Um corredor de tábuas largas, com várias portas, em frente a uma delas, um par de botas de couro, com esporas. Abro essa porta, com uma bandeja de madeira, com flores pintadas a mão, bule branco com café, xícaras, pão de casa, biscoitos de maisena em forma de bicho, uma fatia grossa de queijo, um cacho suculento de uvas frescas, chego a sentir o cheiro do café e do pão. Coloco a bandeja sobre um criado mudo, onde já tinha um vaso com flores amarelas e um jarro de barro com água e um copo no gargalo.
Abro as pesadas cortinas de juta com pássaros pintados na barra, abro as janelas de venezianas de madeira crua e os raios de sol entram, iluminando o quarto. No espelho do guarda-roupas entalhado, me vejo, de sandálias de couro, vestido florido, decote generoso, carnes generosas, avental de algodão cru, branquíssimo. Tenho os cabelos longos, cacheados e bem loiros, com uma fita amarrando frouxa. Devo ter vinte anos. 
Vejo um corpo nu, deitado gostosamente nas cama de lençóis brancos que se contrastam com o corpo bronzeado de sol, músculos firmes, chego perto para acordá-lo, se vira e me agarra, derrubando na cama, é você, são seus olhos. Rolamos na cama, entre beijos e gargalhadas, teus cabelos também eram longos, mas negros, barba cerrada, que até me roça as costas, os olhos verde oliva, mãos fortes e ásperas de quem trabalha.
Ficamos ali, entre chamegos, tomando nosso café da manhã.
O galo canta e acordo com o gosto doce das uvas na boca e dos teus beijos!





Ah, pena, estou só no meu quarto gelado, sem flores, nem uvas, sem você...

segunda-feira, 11 de junho de 2012

E para o dia dos namorados, embora mais uma convenção, vale fugir do consumismo financeiro e consumir o amor...

O tronco da minha árvore nua, enxarcado ainda pela chuva, está agora iluminado pelos raios de sol,que conseguiram transpassar alguma nuvem espessa do céu.
Aos poucos a paisagem vai ganhando colorido. As casas com suas cores diversas, o verde mais vivo do meu jardim.
Meus olhos azuis enxergando os brilhos e procurando, desde cedo o mel dos teus...
Como dizia o poeta Vinícius e continua dizendo, já que ele é eterno:
" Das ramadas escorriam gotas que não haviam e na rua ignorada, anjos brincavam de roda. Ninguém sabia, mas nós estávamos ali..."


E eu diria ainda, que mesmo que algumas gotas teimem em escorrer das nuvens densas e venham a descolorir novamente a paisagem, mesmo assim, dentro de mim, ainda haverá sol, porque você está lá e o que sinto ao te lembrar é capaz de formar um arco-íris...